Já regressei das férias há algumas semanas mas ainda temos algumas reflexōes que gostaria de partilhar.
Passei 2 semanas em Portugal. Fiz 36 anos por lá. Apanhei temperaturas de quase 40 graus e cheguei ao fim das férias com saudades de Inglaterra.
Descobri então que viver em Inglaterra não é para todos. Comi o que tinha vontade, fui aos Santos Populares, vi uma das minha melhores amigas grávida da primeira filha, vi os meus meninos tão crescidos, bebi cerveja, fui a praia, morri de calor e mesmo assim voltei para Inglaterra com vontade de voltar.
Cheguei a Inglaterra há 1 ano e 10 meses e sempre que me perguntam sobre a minha vida aqui não consigo encontrar uma coisa má para contar.
Chegamos em Setembro e em Outubro eu já estava a trabalhar, o primeiro Inverno foi super tranquilo e o Natal uma delícia.
Em Novembro alugamos o primeiro apartamento e moramos nele até hoje. Aos poucos compramos sofá, montamos uma cozinha e outras coisas que eram necessárias.
Voltamos a Portugal 2 vezes em menos de 1 ano e não tive vontade de ficar. Tenho muitas saudades de várias coisas que ficaram para trás mas a internet é um veículo mais que poderoso e ainda que não seja a mesma coisa só perdemos o contacto se quisermos.
As coisas em Inglaterra não são mais caras e os salários são mais altos. A equação aqui é fácil de resolver.
Moro numa cidade bonita, organizada, tenho acesso a tudo que preciso. Vou a pé para o trabalho e não houve até hoje um único dia que me tenha arrependido de ter vindo para cá. E isto não é um exagero da minha parte.
Não houve de facto nenhum dia em que tenha pensado sequer que talvez deveria ter me deixado estar.
Este tem sido o meu discurso desde sempre para todos aqueles que me rodeiam. Até mesmo para o meus amigos/colegas ingleses que não entendem como prefiro o frio e a chuva de Inglaterra ao calor e às esplanadas de Portugal.
Aos poucos entendi que o meu erro tem sido usar a minha experiência como base ou referência para as experiências dos outros e com isso não entender que cada caso é um caso é cada pessoa é uma pessoa.
E Inglaterra não é um mar de rosas. Há coisas difíceis, cansativas, extenuantes. Eu agora entendo isso melhor do que há 1 ano atrás.
Quando decidimos mudar, de forma tão radical, é preciso mais do que um desejo profundo de mudança. É preciso sermos a própria mudança e sermos o próprio veículo para que essa mudança aconteça.
Não existe espaço para uma vida glamourosa, cheia de passeios turísticos e muitas fotos no Instagram. Mas existe espaço para uma vida que é nossa. Que foi construída do nada, num país onde a língua não é a mesma, onde não há cunhas para encontrar trabalho e onde tudo o que vemos e descobrimos é por nossa conta e responsabilidade.
Não é fácil e a responsabilidade é grande. Mas com alguma calma e paciência é possível.
Aqui, descobri que menos é mais. Tenho menos roupa e menos sapatos e também menos medos. Depois de uma mudança tão grande, sei que tudo vai dar certo.
Tenho também mais planos para o futuro e mais certezas sobre o caminho quero traçar, principalmente profissionalmente. Aprende-se muito por aqui.
Reconheço que não é fácil fazer amizades ou construir laços fortes. Não é fácil se sentir em casa. Mas é possível. É preciso nos mantermos abertos para essa possibilidade e é também preciso aceitar os outros como eles são.
Voltar para trás nunca foi uma opção, o caminho agora é sempre para frente.
O assunto é batido mas em tempos mais difíceis vale sempre lembrar o caminho percorrido. Temos sempre a tendência a desvalorizar as nossas pequenas vitórias e nunca deveríamos fazê-lo.
Que este texto sirva exatamente para isso.
Gostei de te ler. Que tudo te continue a correr bem nessa aventura. :)
ReplyDeleteObrigada!! Espero que sim, é mesmo uma aventura!!
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