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Caramba. Como foi isso? Agora que estou aqui acho que passou rápido demais. Mas será que foi rápido mesmo? 

Olho para trás e sinto orgulho. Sim, orgulho. Sem falsas modéstias, sem mimimi. 

Já vivi em 3 países diferentes, em 4 cidades diferentes, em 2 continentes diferentes. Já trabalhei por mais de 10 anos na mesma empresa. Já cheguei a um cargo de chefia e já desisti dele. 

Já vi o meu país ser campeão do mundo de futebol 2 vezes.

Já fui a mais concertos do que aqueles que consigo lembrar e conheço quase todos os festivais de Verão de Portugal. 

Conheço os 2 Carnavais mais famosos do mundo. O de Veneza e o do Rio de Janeiro. Prefiro o do Rio é claro. Desfilar na avenida é uma das sensações mais loucas que existem. Um misto de realidade com ficção. 

Nunca parti nada, nunca fui operada, nunca sequer estive internada. 

Já fiz mais directas do que deveria e já gastei mais dinheiro do deveria. 

Já tive muitas dúvidas sobre muitos assuntos mas sempre fui uma pessoa positiva. Impaciente mas positiva. 

Não gosto de drama, não gosto auto comiseração, aparento ser uma pessoa dependente mas sou muito mais independente do podem imaginar. 

Aprendi a falar duas línguas além da minha língua materna. 

Já viajei mais vezes do que poderia imaginar, considerando que detesto voar. 

Ainda não escrevi um livro, não fiz um filho nem plantei uma árvore mas tenho muitos planos para o futuro. 

Nunca pensei que amadurecer fosse tão bom e tão libertador. Não tenho saudades de ser adolescente nem tão pouco das dúvidas de uma mente jovem. 

Gosto de saber que tenho alguma experiência de vida. Já passei por momentos menos bons mas consegui superá-los da melhor maneira que pude e sempre com a ajuda dos meus pais. Nunca é demais dizê-lo. 

Sou muito mais feliz aos 35 do que era aos 25. Tenho a vida que quero, a vida que escolhi e apesar de não estar fisicamente próxima de todos os meus, sei que eles estão por perto. 

Dou muito mais importância ao que não se compra, ao que não é palpável. 

Aprendi cedo que o tempo nem sempre joga a nosso favor e que dizer aquilo que sentimos é muito mais importante do que qualquer outra coisa. 

Sei bem o valor das coisas e sei bem que com trabalho se chega longe e isso é algo que só o tempo tem a capacidade de nos ensinar. 

Espero sempre muito dos outros e dou mais de mim do que talvez deveria mas também me orgulho de ser uma boa amiga. 

No fundo, sou feliz com a pessoa que me tornei, sou feliz porque sinto que sou eu, sou autêntica e fiel ao que acredito e ao que pretendo fazer. 

A idade nos dá uma das melhores sensações de sempre, que é a sensação de sabermos que quem importa somos nós e não os outros. E se querem mesmo saber, quem me dera ter aprendido isto muito mais cedo. 

E agora, antes que este meu discurso se torne o discurso de uma velhinha, vou só ali beber uns copos e mostrar que ainda estou pronta para a festa. 



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